Foi encerrado, na última sexta-feira, 31, o 43º Congresso do ANDES-SN, em Vitória (ES), organizado pela Adufes. Com o tema central “Só o ANDES-SN nos representa: dos locais de trabalho às ruas contra a criminalização das lutas”, o evento reuniu mais de 700 docentes de todo o país para discutir temas fundamentais à categoria e fortalecer a luta sindical.
Durante o congresso, foram aprovados protocolos importantes, como o de enfrentamento ao assédio e uma política de reparação para docentes negras e negros. Além disso, foram deliberadas resoluções de proteção a docentes vítimas de violência doméstica e políticas para avançar na luta anticapacitista e de cuidados.
Um destaque do evento foi o ato que enfatizou a luta antirracista, a visibilidade trans e a defesa dos povos indígenas. Manifestantes percorreram o campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), promovendo a conscientização sobre essas causas.
ADUERN pauta a luta de famílias atípicas
A base da ADUERN apresentou, durante congresso, o Texto de Resolução (TR) intitulado “Plano de lutas pela dignidade de cuidar e trabalhar”, que versa sobre as demandas de docentes com deficiência, famílias atípicas, responsáveis pelo cuidado e mães/pais solo.
O material é fruto das vivências e experiências de docentes que compõem famílias atípicas e/ou atuam como cuidadores de parentes próximos, e a temática foi levada com protagonismo pelos delegados e delegadas da ADUERN.
O TR foi motivo para intensas discussões nos grupos mistos e, após intervenção da professora Ana Luiza B.C. Saraiva (FAFIC), que é uma pessoa com deficiência e mãe de uma criança atípica, foi levada para votação na plenária do congresso, onde foi aprovada por unanimidade dos presentes no evento.
Moções
As moções apresentadas expressam repúdio a diversas ações e políticas que envolvem o uso indevido de recursos públicos, ataques a direitos trabalhistas e retrocessos em políticas educacionais e sociais. Entre os principais alvos das manifestações estão a contratação da Fundação Getúlio Vargas, sem licitação, pelo governo do Rio de Janeiro, a tentativa de armar a Guarda Municipal carioca, o sucateamento do Planserv na Bahia e o desmonte do Estatuto do Magistério Público no Pará. Também há forte oposição a medidas que ameaçam direitos sindicais, como os ataques da direção do IBGE contra o sindicato da categoria (Assibge) e a criminalização do movimento docente na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Além disso, as moções expressam solidariedade a grupos historicamente marginalizados e em luta por direitos e visibilidade. Há manifestações de apoio ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), à comunidade científica de Mato Grosso do Sul, ao povo palestino, que enfrenta o genocídio e décadas de ocupação e violência, e às vítimas do tratamento cruel e degradante na deportação de imigrantes nos Estados Unidos. Também há preocupação com iniciativas que impactam o meio ambiente, como a proposta de exploração de minério de ferro em Diamantina (MG), que pode trazer impactos socioambientais catastróficos para a região.
Há, ainda, uma forte crítica à violência policial e ao autoritarismo estatal. A moção contra a anistia a policiais militares envolvidos em atos de violência ressalta a necessidade de responsabilização desses agentes, especialmente diante da violência contra populações periféricas e negras. No plano internacional, foi aprovado o repúdio à inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo pelo governo Trump, medida vista como parte de uma política externa coercitiva e injusta. Também repudiaram as deportações forçadas promovidas do novo presidente estadunidense e expressaram solidariedade àqueles e àquelas que resistem aos ataques do governo Trump. As manifestações convergem na defesa dos direitos humanos, da transparência na gestão pública e da proteção das populações vulneráveis.
Ainda houve reivindicação por maior representatividade de docentes negros, negras e negres nas chapas eleitorais para a direção do ANDES-SN e repúdio à transfobia desvelada pelo professor Rodrigo Perez Oliveira (UFBA) em suas redes sociais que, ao propagar o discurso feminista radical transexcludente, que reduz a mulheridade à observação de uma determinada genitália normalizada ao nascimento, desumaniza mulheres trans e travestis, aliando-se, ideologicamente, ao neofascismo que prega a completa aniquilação de corpas trans.
No conjunto, 26 moções foram apresentadas e versaram sobre o universo da diversidade das lutas já históricas do Sindicato Nacional.
Carta de Vitória
Veio da secretária-geral do ANDES-SN, Fran Rebelatto, a leitura do documento que grava, na história, os princípios e resultados que nortearam e foram produzidos pelo 43º Congresso. A carta assinala que o congresso discutiu a conjuntura nacional e internacional, destacando preocupações com a extrema direita global e críticas ao governo Lula-Alckmin pelo não cumprimento de acordos da greve de 2024. A mobilização sindical seguirá cobrando direitos, especialmente no que tange à recomposição salarial, rejeição à reforma administrativa e reconhecimento de direitos de aposentadoria.
Eleições do ANDES
Ao final do Congresso foram definidos os nomes dos triunviratos que disputarão as próximas eleições do ANDES/SN. Serão quatro chapas no pleito.
Chapa 1 ANDES pela base: diversidade e lutas
Cláudio Mendonça (APRUMA) – Presidente
Fernanda Vieira (UFRJ) – Secretária Geral
Sérgio Barroso (UESB) – 1º tesoureiro
Chapa 2 Renova ANDES
Nicole Louise Pontes (UFEPE) – Presidente
Edson Franco de Moraes (UFPB) – Secretário Geral
Geverson Grzeszceszyn (Unicentro) – 1º tesoureiro
Chapa 3 ANDES CLASSISTA E DE LUTA
Gean Santana (UEFS) – Presidente
Welbson Madeira (UFMA) – Secretário Geral
Soraia de Carvalho (UFPE) – 1º tesouraria
Chapa 4 OPOSIÇÃO PARA RENOVAR O ANDES-SINDICATO NACIONAL
Jailton Souza Lira (UFAL) – Presidente
Maria Carlotto (ADUFABC) – Secretária Geral
Mariuza Guimarães (ADUFMS) – 1º tesoureira