ADUERN realiza curso intensivo de formação política e sindical. Inscrições já estão abertas

Atendendo a uma demanda histórica da categoria, a Gestão Ciência e (Re) Existência pela Base  realiza, a partir do dia 22 de novembro, um  curso intensivo de formação política  e sindical da ADUERN. O primeiro dos encontros apresenta um “Passeio pelo pensamento das filósofas”, e será facilitada pela professora Débora Klippel Fofano, que é Doutoranda em educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ao final do curso, que terá 10 módulos, será disponibilizado um certificado de participação com horas para os e as participantes do espaço. O certificado será entregue aos inscritos e inscritas que participarem em no mínimo 75% da programação.

As inscrições para o curso intensivo podem ser realizadas AQUI. Os encontros serão realizados através de sala fechada no Google Meet, mas as palestras serão disponibilizadas na íntegra ao vivo na TV ADUERN. 

Confira a tabela com os horários e os temas de todas as palestras do curso de formação da Aduern

Tema Palestrante Data
Passeio pelo pensamento das filósofas Débora Fofano (Doutoranda em Educação – UFC) 22/11
América Latina: formação social e dilemas da atualidade Prof. Dr. Daniel Valença (UFERSA) 29/11
Economia socialista: experiências históricas, planificação econômica e debates atuais sobre a transição Prof. Dr. Everaldo de Oliveira Andrade (USP)

 

Prof. Dr. Alberto Handfas (UNIFESP)

 

06/12

Emancipação política e emancipação humana: a concepção onto-negativa da política em Marx  

Prof. Dr. João Bosco Brito (UERN)

 

13/12

Educação, democracia e formação: uma abordagem filosófica e histórica  

Prof. Dr. Cristiano Bonneau (UFPB)

 

10/01

Estética da existência feminista: corpolítica e resistência Raquel Rodrigues Rocha (Pós-doutoranda em Humanidades – UNILAB)  

17/01

Psicopolítica e sociedade do cansaço: nova técnica do poder no neoliberalismo  

Prof. Dr. Ramos Neves (UERN)

 

24/01

Economia-política da mídia em Noam Chomsky e Christoph Türcke  

Prof. Ms. Élder Lacerda (UERN)

 

31/01

O anticorrupcionismo como substrato ideológico do lawfare                        

Prof. Dr. Gabriel Eduardo Vitullo (UFRN)

 

07/02

Aspectos históricos da luta sindical no Brasil: breves apontamentos  

Prof. Dr. Antônio Marcondes (UECE)

 

14/02

Saiba um pouco  mais sobre o que tratará cada módulo  do curso

Dia 22/11

PASSEIO PELO PENSAMENTO DAS FILÓSOFAS

Débora Klippel Fofano (Doutoranda em Educação – UFC)

“A sala de aula continua sendo o espaço que oferece as possibilidades mais radicais na academia”, é com este pensamento de bell hooks (2013, p.23) que tomamos inspiração para o presente curso. A intenção é dar visibilidade as mulheres que se dedicaram ao exercício filosófico no decorrer da filosofia e instigar o uso dos conceitos, teorias, ação política desenvolvidos e desencadeada por filósofas. Com isso ampliamos o aporte de saberes de professores e professoras para além do que é tradicionalmente abordado no campo acadêmico, em geral um pensamento androcêntrico e eurocentrado. Procuraremos entender as razões estruturais e simbólicas, mais fundamentais de todo processo de invisibilização da mulher na filosofia. Observamos a sala de aula, enquanto lugar de múltiplas potências, é um campo fértil para disseminar o pensamento das mulheres e multiplicar suas experiências. Nessa perspectiva, abordar de modo sistemático o pensamento das filósofas é uma das formas reconhecer sua importância e consolidar uma filosofia quiçá feminista. Assim, ao tornar evidente o pensamento produzido por mulheres tornamos também a filosofia um espelho para outras mulheres. Tal compromisso não é designado apenas para professoras e pesquisadoras, os professores precisam conhecer e estudar as mulheres para ensinar sobre elas, se pretendem uma sociedade que recusa o patriarcado. Para tanto, o minicurso se dará em dois momentos, no primeiro acontecerá a Introdução à filosofia das mulheres, questões históricas, estruturais, simbólicas e de gênero; Pensamento filosófico feminino. Antiguidade, modernidade e contemporaneidade. No segundo momento será abordada a Filosofia decolonial e de gênero a partir de uma perspectiva crítica, contemplando as principais questões do pensamento feminista e sua contextualização.

 Dia 29/11

AMÉRICA LATINA: FORMAÇÃO SOCIAL E DILEMAS DA ATUALIDADE

Prof. Dr. Daniel Valença (UFERSA)

O presente módulo se volta a analisar a conjuntura Latino-americana nesta segunda década do século XXI. Partindo do Marxismo histórico-dialético, o módulo percorrerá a formação social Latino-americana, os principais aspectos da sociedade colonial, os ciclos do século XX e terminará com a análise da conjuntura atual. No início desse século XXI, ocorreu a ascensão de governos de esquerda, seguida de uma restauração conservadora, seja mediante golpes de Estado, seja por vias eleitorais. Agora, novamente há uma unda vermelha na região, mas suas particularidades exigem reflexão e compreensão do momento para subsidiar a luta política das forças de esquerda na região.

 Dia 06/12

ECONOMIA SOCIALISTA: EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS, PLANIFICAÇÃO ECONÔMICA E DEBATES ATUAIS SOBRE A TRANSIÇÃO

Prof. Dr. Everaldo de O. Andrade (USP)  e Prof. Dr. Alberto Handfas (UNIFESP)

A ascensão da classe operária como protagonista da História foi capaz de construir alternativas concretas ao capitalismo desde o século XIX e deixou marcas e referências teóricas e práticas fundamentais ao longo do século XX. Se a comuna de Paris de 1871 ensaiou com suas oficinas a gestão operária da economia, encontramos na continuidade da revolução russa de 1917 e depois na formulação teórica da economia soviética e na implantação dos primeiros planos quinquenais uma referência central, ainda que marcada por polêmicas, controvérsias e contradições. Muitas experiências fundamentais de transição econômica ao socialismo, coletivização e gestão operária e planificação da propriedade social ocorreram ao longo do século XX. Essa rica trajetória abre todo um leque de problemas teóricos e políticos no campo do marxismo, mas também de diferentes correntes e concepções que buscaram apontar limites ou alternativas de superação do capitalismo e da democracia burguesa. As experiências de planificação centralizada e burocrática como ocorreram, entre outros, na URSS e Cuba em determinados períodos, possuem contribuições para o debate? A autogestão coletivista de fábricas e fazendas possui viabilidade sem algum tido de centralização e articulação? A lei do valor deveria seguir sendo utilizada como referencial de articulação de uma economia de transição e mesmo socialista? De que forma assegurar a propriedade social conquistada revolucionariamente em um país, como um processo de transição socialista, sem a perspectiva da revolução mundial? A deformação burocrática da planificação soviética e o desmoronamento do “socialismo num só país” na URSS e seus satélites, que serviu de cobertura para a tirania de burocracias stalinistas, teria como alternativa a restauração capitalista sob o manto de um suposto” socialismo de mercado”?  Para além do balanço histórico do passado, há inúmeras outras questões a debater e que são atuais; como o debate sobre a transição socialista e o uso sistemático de tecnologias da gestão e planejamento econômico.  Para além do salto de produtividade – irão permitir ou facilitar um salto à planificação socialista? Há certa ilusão tecnológica e midiática ou mesmo a crença no poder emancipador da ciência como substituta da produção de valor pela classe trabalhadora e que se difunde em muitos setores que buscam caminhos emancipatórios. Mas podemos afirmar que os avanços tecnológicos sob o capitalismo, por si sós, significam desenvolvimento das forças produtivas se a principal força produtiva – o trabalho humano que produz valor – regride em seus direitos sociais e condições de vida? A História tem revelado em inúmeras experiências de luta que não há atalhos ao desafio de seguir organizando os oprimidos em torno da classe trabalhadora, para organizar a resistência e a construção, a partir de suas experiências concretas, da gestão democrática da economia planificada socialista.

Dia 13/12

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E EMANCIPAÇÃO HUMANA: A CONCEPÇÃO ONTO-NEGATIVA DA POLÍTICA EM MARX

Prof. Dr. João Bosco Brito do Nascimento (UERN)

O presente Curso busca deslindar o modo do ser político a partir dos artigos de Marx publicados na Revista Anais Franco-Alemães (1844), a saber, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel – Introdução e, principalmente, A Questão Judaica. Toma-se a crítica da religião como o germe de toda a crítica, e passa-se dela para a crítica a outras esferas da sociedade: à crítica do Estado, do Direito e da política. Conclui-se que emancipação política, para Marx, não é o mesmo que emancipação humana, e que a política é, em verdade, uma das formas da autoalienação humana.

Dia 10/01

EDUCAÇÃO, DEMOCRACIA E FORMAÇÃO: UMA ABORDAGEM FILOSÓFICA E HISTÓRICA

Prof. Dr. Cristiano Bonneau (UFPB)

Pretendemos em uma conversa de cunho filosófico tratar a democracia sob duas perspectivas: a primeira, como um modelo de organização humana antinatural; e a segunda, como um processo de formação dos sujeitos que são conviveres nesse modelo político. Por essa razão, a democracia torna-se um sistema estrutural que demanda ao mesmo tempo, esforço para consolidação e para manutenção de sua existência. Por essa razão, convém-nos refletir quais seriam as habilidades, competências, virtudes e comportamentos que seriam mais favoráveis ao modelo democrático e quais seriam desaconselháveis tendo em vista sua manutenção. Em grande medida, essa é uma temática universal no espectro da filosofia política e da ética normativa, passando pelos gregos, pelos medievais, modernos e contemporâneos, sendo um dos temas fundamentais da ética das virtudes. Por isso, nos propomos a discutir o papel da escola, da universidade, dos sindicatos e partidos políticos nesse processo de formação de um sujeito capaz de se estabelecer e fortalecer um regime de organização política considerada democrática.

Dia 17/01

ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA FEMINISTA: CORPOLÍTICA E RESISTÊNCIA

Raquel Rodrigues Rocha (Pós-doutoranda pelo Mestrado Interdisciplinar em Humanidades – UNILAB)

Como pensar em uma estética da existência feminista constituída a partir da perspectiva de uma corpolítica resistente? É com esta questão que damos início as reflexões acerca da mulher e seu lugar na sociedade, destacando questões inerentes à subjetividade e às técnicas de si, compreendidas a partir de uma dupla percepção: da estética da existência e a percepção do corpo das mulheres como um alvo do poder. Buscamos pensar a partir e com os corpos femininos os meios pelos quais é possível refletir sobre as questões que permeiam a constituição corpolítica das mulheres que encontram no feminismo um meio de se posicionar contra as formas de opressão patriarcal, androcêntrica e colonial. Centrando o olhar nas mulheres e em seus corpos compreendemos que ao se colocar como sujeita política e crítica da realidade na qual está inserida, a mulher assume para si a constituição de sua própria subjetividade e as questões que as atravessam, em especial, as questões de gênero, raça e classe. Os corpos femininos que sempre foram alvo do poder patriarcal, ao se reconhecerem enquanto potência política e resistência, rompem com os padrões e estigmas da sociedade vigente e se autorizam a elaborar uma estética da existência fundamentalmente feminista. Uma estética que não se desvincula das noções de cuidado de si, biopolítica, poder, resistência, feminismos, decolonialidade. Deste modo, ao pensar em uma constituição de si fundamentada por uma estética da existência, a mulher sai do lugar de objeto de poder e tona-se sujeita. Responsáveis pela sua própria constituição e tomando para si a concepção do seu corpo como um corpolítico, as mulheres entram em contato com os subsídios necessários para se afirmarem enquanto sujeitas críticas do seu tempo, capazes de criar modos de resistência ao poder vigente. Neste aspecto, são nas questões que atravessam as pensadoras latino-americanas que encontramos os pontos de dobra do pensamento, necessários na elaboração de uma estética da existência feminista que dialoga diretamente com os modos de vida possíveis no Sul global, estabelecendo assim ligações entre as experiências vividas e o pensamento. É com elaboração de uma estética da existência feminista que a mulher se põe no centro reflexivo de sua própria existência, assumindo a si mesma em uma corpolítica resistente que promove rupturas com o modelo patriarcal da sociedade.

Dia 24/01

PSICOPOLÍTICA E SOCIEDADE DO CANSAÇO: NOVA TÉCNICA DO PODER DO NEOLIBERALISMO

Prof. Dr. Francisco Ramos Neves (UERN)

Este módulo aborda a temática sobre a atual sociedade do cansaço, a partir das ideias do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. O objetivo é possibilitar reflexões sobre o novo paradigma de mudança da sociedade do trabalho e suas consequências na vida e no psiquismo das pessoas submetidas a essa nova técnica de controle e poder neoliberal que evidencia as bases da violência neuronal. Neste novo paradigma os sujeitos são educados e manipulados a partir de uma psicopolítica que os levam a se sentirem livres para assumirem a ideia do autoempreendedorismo como uma forma autônoma e independente de trabalho. Como resultados da pesquisa apresentada evidenciamos que esta forma de liberdade assume um caráter paradoxal, visto que é repleta de coerção. Nela o sujeito se encontra em uma condição de senhor e servo de si mesmo. Desta forma, percebe-se que a violência assume uma condição para além da violência física da sociedade disciplinar. A violência neuronal afeta a psique dos indivíduos que se submetem a uma condição opressora de si mesmo na busca de um alto e irrefreável desempenho e otimização de suas ações, levando-o a um esgotamento físico e mental, fazendo da atual sociedade do trabalho precarizado e desregulado uma época determinada pelo cansaço. O processo é tão manipulado e a violência é tão sistemática que não possibilitam uma fácil tomada de consciência crítica e emancipadora. Concluímos percebendo como a complexidade da situação é tamanha a ponto dessa condição de exploração e violência neuronal não possibilitar a geração de revolucionários, mas a proliferação de neuróticos e transtornados diversos.

31/01

ECONOMIA POLÍTICA DA MÍDIA EM NOAM CHOMSKY E CHRISTOPH TÜRCKE

Prof. Ms. Élder Lacerda (UERN)

A palavra portuguesa distrair vem do latin dix + trair, que significa tirar fora a concentração, fazer perder ou mudar o foco. A distração passa a ser tema da economia política e da crítica da cultura, em virtude da função social e política por ela desempenhada e do poder de manipulação e dispersão a ela inerentes. Noam Chomsky analisa a “estratégia” da distração nas modernas democracias midiáticas, como “o” elemento primordial de controle social, cuja função fundamental consiste em “desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do “dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes”. A esse efeito de distração, a saber, a esse dilúvio estratégico de informações supérfluas, Christoph Türcke chama de “penúria por abundância” e faz dela objeto de análise na sua filosofia da sensação. Acrescenta-se a isso, o fato de que Chomsky ressalta ainda que a distração é imprescindível quando se deseja fazer o público perder o foco dos conhecimentos essenciais na economia, na política e em outras ciências fundamentais. Portanto, é imprescindível para a “manufatura do consenso” e organização da passividade, para “manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real”.   A fim de esclarecer o surgimento, pela primeira vez na história, de um novo regime de concentração, que, ao mesmo tempo em que nos faz prestar atenção, destrói a compreensão, C. Türcke lançou mão do conceito de “distração-concentrada” (Konzentrierte Zerstreuung). Esse fenômeno associado à exposição, por horas ininterruptas e em doses de larga escala, aos choques audiovisuais (Bildschocks) alimentam o maquinário audiovisual mundial, no capitalismo telemático e estético. Mesmo o que ficou de residual, depois de horas zapeando em ambientes virtuais, não consegue ser guardado por muito tempo e precisa desaparecer, em passo acelerado, no fluxo de novos estímulos a serem abrigados. No final, não há qualquer síntese, pelo contrário, o que fica é não mais do que uma lembrança vaga daquilo que, no influxo contínuo dos choques audiovisuais, nos faz estarrecer. O meio virtual tem, assim, considerando seus efeitos, as características de uma droga. Uma vez que a estimulação audiovisual ao display é não apenas viciante, como é uma espécie de agente produtor de dissociação e dispersão. Nosso minicurso fará uma aproximação entre esses dois autores, quanto a temática da economia-política da atenção.

 Dia 07/02

O ANTICORRUPCIONISMO COMO SUBSTRATO IDEOLÓGICO DO LAWFARE

Prof. Dr. Gabriel Eduardo Vitullo (UFRN)

Com este módulo busco promover uma reflexão coletiva sobre o lawfare ou “guerra jurídica” levada adiante com crescente frequência nos países latino-americanos por juízes, promotores e a grande mídia nos processos de estigmatização, perseguição e criminalização de lideranças, partidos e movimentos populares. E dentro dessa reflexão, proponho examinar especialmente a dimensão ideológica do fenômeno e o lugar que cabe nesta ao discurso “honestista” ou “anticorrupcionista”, algo em geral pouco considerado nas análises até aqui realizadas sobre o assunto. Considero que uma militância realmente crítica deve encontrar os caminhos que lhe permitam escapar da armadilha “anticorrupcionista” para, assim, poder abordar as questões-chave para o nosso desenvolvimento e travar a luta em prol de uma democracia genuinamente popular.

14/02

 ASPECTOS HISTÓRICOS DA LUTA SINDICAL NO BRASIL: BREVES APONTAMENTOS

Prof. Dr. Antônio Marcondes dos Santos Pereira (UECE)

Esta exposição tem como objetivo principal analisar criticamente o processo histórico de organização e atuação sindical do movimento operário no Brasil, sobretudo, a partir do início do século XX, período em que o país começa a se industrializar e, portanto, a se constituir como uma sociedade predominantemente urbana. A ação de grupos inspirados em ideologias como o socialismo, o anarquismo, o comunismo e a socialdemocracia, vindos da Europa no processo de imigração, irá definir os marcos de desenvolvimento da luta de classes num contexto fortemente marcado pela hegemonia do capital industrial em expansão. Nessa perspectiva, buscaremos compreender o surgimento e o desenvolvimento do sindicalismo brasileiro e suas repercussões no presente.

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