Professores e professores aposentados da UERN construíram, no decorrer das últimas semanas, um manifesto reforçando a necessidade da ampliação da democracia interna na universidade e reivindicando o fim das listas tríplice na instituição.
A iniciativa também buscou reafirmar a importância da cidadania ativa dos aposentados e aposentadas na construção de uma UERN plural e democrática. As professora Otília Neta e Ana Vale foram as responsáveis pela redação do manifesto, mas a busca por assinaturas para o documento foi construída coletivamente por vários docentes aposentados. Sobre o documento, Otília comenta:
“Nós, professores e professores aposentados da UERN estamos atentos ao que tem acontecido na universidade e em toda a sociedade brasileira. Ficamos muito preocupados o andamento nos fatos políticos na Ufersa e no IFRN, por isso achamos necessário expor nossa opinião acerca das listas tríplices e da necessidade de ampliação da democracia na universidade” afirmou.
Otília lembrou que apesar de aposentados, muitos docentes permanecem orientando e participando de bancas, portanto a universidade permanece sendo um espaço cotidiano.
“Participamos ativamente da UERN nos momentos em que ela ainda estava se consolidando enquanto instituição de ensino. Hoje, mesmo não lecionando diariamente nos cursos de graduação, muitos de nós seguem participando de programas de pós-graduação, orientando e compondo bancas, desta forma acompanhamos de perto e nos preocupamos com os rumos tomados dentro da universidade”, concluiu.
A diretora do setor de aposentados da Aduern, Lúcia Musmee, destacou que nos últimos anos o segmento dos aposentados tem sido protagonista de grandes enfrentamentos no âmbito da universidade e que é fundamental que os docentes inativos permaneçam atuantes e vigilantes.
” Nos últimos anos nós, aposentados e aposentados da UERN, lutamos pela permanência na folha salarial da instituição, da mesma forma também reivindicamos a permanência do auxílio saúde, outro grande embate foi pela manutenção da nossa participação nos conselhos da universidade e esta permanece sendo uma demanda atual. A luta pela ampliação da democracia na UERN é também a luta em defesa dos aposentados e aposentadas e de sua história na universidade” concluiu
Confira o Manifesto na íntegra
MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DO FORTALECIMENTO DA CIDADANIA ATIVA NA UERNEm carta aberta publicada por docentes, discentes e técnicos administrativos da UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – fica claro o público repúdio às medidas antidemocráticas aprovadas pelo
CONSUNI, em 28 de julho de 2020.
Naquela ocasião, o Conselho aprovou lista tríplice para escolha de chefias e subchefias de Departamentos, apesar de essas funções terem sido exercidas por quem, eleito democraticamente pelos colegas professores, tinha seu nome oficializado por instância administrativa superior.
A escolha por lista tríplice, em substituição à forma democrática até há pouco vigente, é medida abusiva e deplorável, merecendo por isso o repúdio de todos que fazemos a UERN.
Infelizmente, esse retrocesso administrativo não nos causa espanto. Ele se ajusta às decisões autoritárias que, nos últimos tempos, vêm caracterizando nossa aviltada Universidade.
Nós, professores-educadores que somos, nos associamos a todos ao denunciarmos mais esse ato de arbitrariedade, ao tempo em que demonstramos o imbatível e incansável exercício de nossa Cidadania Ativa.
Vivenciamos nossa função política, social e educacional na defesa e construção de uma universidade pública, democrática e socialmente referenciada. E não vislumbramos aposento que limite ou iniba a força dessa
disposição.
Em razão do exposto e de tudo que dele se depreende, é imprescindível somarmos esforços na construção de posicionamentos firmes, cada vez mais necessários e urgentes hoje, neste momento de retrocesso político em todas as áreas.
Embora no âmbito da UERN e da sociedade sejamos rotulados de professores “aposentados” ou “inativos”, estamos em pleno, total e lúcido exercício da Cidadania Ativa; somos mais que nunca responsáveis pelos rumos
da Universidade que ajudamos a criar, inclusive mantendo-a viva nos períodos mais difíceis de nossa história recente.
Temos esperança de que o CONSUNI, associando-se aos demais segmentos da UERN, saber-se-á em luta pela democracia acadêmica, em testemunho de que a educação também se constrói com independência e determinação. Quando há subserviência, inexiste liberdade.
Os professores “aposentados”, ao acreditarmos na correção e oportunidade de todo o exposto, subscrevemos este Manifesto: