Primeiro dia do seminário do ANDES-SN em Mossoró debate sindicalismo no serviço público

Teve início, na noite desta sexta-feira (16), o Seminário Nacional sobre a Reorganização da Classe Trabalhadora do ANDES-SN, uma deliberação do 41º Congresso do Sindicato Nacional. Com mais de 80 participantes, o evento ocorre no auditório da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), em Mossoró (RN), e vai até domingo (18).

A mesa de abertura contou com a participação de Marcelo Higino (DCE da Ufersa), Álvaro Fabiano (Adufersa SSind.), Jandeson Dantas (Uern), Neto Vale (Aduern SSind.), Telma Gurgel (Coletiva Motim Feminista), Alexsandro Donato Carvalho (Regional NE II do ANDES-SN), Artêmis Martins (Sinasefe), Ivanilda Reis (Fasubra) e coordenação de Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN.

Citando Carolina Maria de Jesus, Rivânia Moura destacou a importância dos debates que ocorrerão de sexta a domingo. “Esse é um tema tão caro para nossa sobrevivência. Discutir a nossa reorganização como classe trabalhadora passa por discutir o que Carolina Maria de Jesus nos ensinou, passa por compreender que classe não é um conceito abstrato, genérico. Nossa classe é constituída por sujeitas e sujeitos que fazem a história, que têm raça, que têm sexo, que têm cor, que têm orientação sexual. Compreender a classe trabalhadora considerando esses elementos é reconhecer que a nossa classe é diferenciadamente explorada”, destacou, reforçando que é fundamental compreender as contradições da realidade para pensar a classe trabalhadora e suas organizações representativas.

Sindicalismo no serviço público
Na sequência, ocorreu o debate “Sindicalismo no serviço público: impasses e perspectivas”, com as representantes do ANDES-SN, da Fasubra e do Sinasefe. A mesa foi mediada por Jennifer Webb, 3ª tesoureira do Sindicato Nacional, que abriu os trabalhos destacando a importância de realizar este evento na cidade potiguar.

“A gente tem que entender que a reorganização da classe passa pela descentralização das nossas atividades. Estamos aqui também porque para reorganizar a classe é necessário vir para o que é chamado de “periferia”, de “lugares afastados”. Mas afastado depende do ponto de referência. Então, que os nossos pontos de referências possam ser mais diversos”, ressaltou a diretora do ANDES-SN.

Jennifer destacou também a rara oportunidade de escutar sobre o funcionamento e organização das entidades do Setor da Educação, que são parceiras históricas em diversas lutas. “Temos nossas diferenças na forma de organização, mas muitas semelhanças”, acrescentou.

Ivanilda Reis, coordenadora-geral da Fasubra, relatou a luta na entidade para ampliar a participação das mulheres nos espaços dos sindicatos e da Federação. Segundo ela, após 44 anos de existência, a Fasubra tem, pela primeira vez, uma coordenação-geral composta só por mulheres.

A dirigente contou sobre as ações da Fasubra de solidariedade de classe, especialmente durante a pandemia, e reforçou a necessidade de fortalecer a unidade na luta e o diálogo com diferentes parcelas da sociedade. “Se não entendermos que a luta em defesa do serviço público e da educação não é só nossa, mas de toda a classe trabalhadora, a gente já começa perdendo”, apontou.

Artêmis Martins, coordenadora-Geral do Sinasefe, trouxe dados sobre a realidade de desemprego, precariedade e informalidade, que atinge milhões de trabalhadoras e trabalhadores. “A maior parte da classe trabalhadora nunca teve a chance de ser explorada formalmente pelo Capital”, alertou.

A diretora do Sinasefe afirmou que, diante de tantas contradições e dificuldades, é fundamental construir pontes de diálogo e unidade com esse segmento informalizado da classe trabalhadora.

“Depende de nós, da nossa capacidade de transpor esses muros e avançar na construção da unidade, de uma frente única, é fundamental para pensar na derrota da extrema-direita. Precisamos criar o cenário para que a gente possa, historicamente, ir avançando nas nossas lutas”, ressaltou Artêmis.

Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, apontou que as categorias do funcionalismo público precisam ser compreendidas como trabalhadoras e trabalhadores do Estado. “Temos que pensar na reorganização da classe a partir do nosso lugar de fala, da nossa realidade, mas sem estar descolada do que é a classe trabalhadora em sua totalidade”, disse.

A dirigente do Sindicato Nacional apontou diversos desafios postos e que serão pensados nos próximos debates do seminário, como a precarização das relações de trabalho, as contrarreformas do Estado, a plataformização do trabalho, as baixas taxas de sindicalização e as expectativas que muitas e muitos têm das entidades. “Essas questões, o que se exige dos sindicatos, precisam estar na ordem do dia das nossas preocupações”, pontuou.

De acordo com a presidenta do ANDES-SN, segundo dados do Ipea, existem hoje 16 mil organizações de representação de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. “O que esse universo significa? Onde estão, o que estão fazendo?”, questionou. “Pensar essas questões requer pensar nesse contexto que estamos vivendo um processo extremamente complexo cheio de contradições, não podemos arredar o pé da luta”, acrescentou.

Rivânia destacou a vitória da luta em unidade das diferentes categorias do funcionalismo contra a PEC 32, em contraponto com a dificuldade de organização no enfrentamento ao Arcabouço Fiscal. E ressaltou que é necessário “pensar o que significa o movimento sindical nesse processo de reorganização junto com outros organismos da classe trabalhadora, tendo como perspectiva a construção da unidade, sem perder o fio que nos une, que deve ser a luta, a combatividade. pensar que podemos sim transformar a realidade, que só a luta muda a vida”, concluiu.

Rota do Cangaço
Antes do início do seminário, na manhã desta sexta (16), as e os docentes que já estavam em Mossoró puderam conhecer um pouco mais da história da passagem de Lampião e seu bando pela cidade, em junho de 1927. As capelas do Bom Jesus e de São Vicente, a Ponte da Estrada de Ferro, Memorial da Resistência, Museu Municipal e o Cemitério de São Sebastião foram alguns dos pontos visitados com acompanhamento de estudantes do curso de História da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern).

Os debates dos Seminários serão transmitidos através do Youtube e do Facebook do ANDES-SN. Acompanhe a transmissão e a cobertura em nossas redes. Confira aqui cobertura fotográfica no Facebook.

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