Tem sido muito comum ouvirmos, em especial durante a pandemia de COVID-19, que o trabalho em sua formatação remota traz sérios impactos para a vida dos profissionais envolvidos. No âmbito da educação, essa assertiva é sempre destacada por professores e professoras e uma pesquisa desenvolvida por um docente da UERN tentar desvelar os principais impactos deste modelo de trabalho na vida dos educadores.
Márcio Kleber Morais é sociólogo, professor da rede básica no Estado do Ceará e docente do Departamento de Ciências Sociais e Políticas (DCSP) da UERN. Em parceria com o também sociólogo Manoel Moreira de Sousa desenvolveram a pesquisa “Ensino remoto durante a pandemia”, que analisa a situação dos professores e professoras da rede básica de ensino no estado do Ceará.
De acordo com os autores a obtenção dos dados empíricos ocorreu por meio de realização de survey aplicado com docentes entre abril e maio de 2021. Foram 281 respostas válidas, caracterizando uma amostra válida com 90% de nível de confiança e 5% de erro amostral. Para participar da pesquisa, o professor deveria atender a quatro requisitos: ser docente da rede estadual, estar lotado em sala de aula, não ter tido nenhum tipo de afastamento prolongado no ano letivo 2021 e, por fim, ter atuado antes e durante a pandemia, a fim de comparação entre os períodos
Principais constatações – A pesquisa aponta que apenas 18% dos docentes teve diagnóstico positivo de Covid-19, o que aponta que 82% dessa população teria mais risco em ficar exposta ao vírus em um possível retorno presencial das atividades.
Em relação ao ensino durante a pandemia, 41% dos profissionais afirmam não ter um em sua residência um ambiente adequado para a realização das aulas remotas. As principais queixas são: interrupção por barulho; não tem escritório ou cômodo similar; e não ter espaço climatizado ou iluminação adequadas.
Em relação à atividade remota, 85% afirmam ter tido algum problema durante as aulas síncronas, como, por exemplo: problemas na internet e no computador, além de interrupção devido a barulhos em seu ambiente familiar. 67% dos professores presenciaram cenas inadequadas durante as aulas, sendo as principais ocorrências: interrupção devido a barulhos no ambiente familiar do alunado e invasão da sala virtual por pessoas não autorizadas.
Uma constatação dos pesquisadores é a falta de interação durante as aulas remotas. Isso pode afetar significativamente o processo ensino-aprendizagem, visto que uma das principais características da profissão é a interação: 44% dos docentes afirmam que nenhum aluno liga a câmera durante as aulas. Outro 32% dizem que só de 10% a 20% dos discentes o fazem. Por outro lado, 85% dos docentes ligam a câmera durante as aulas, sendo que 44% se sentem obrigados a fazê-lo
O Portal da ADUERN conversou com o professor Marcio Kleber que vontou maiores detalhes da pesquisa. Confira,
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