Professores e estudantes denunciam estrutura precária do Campus de Caicó

O Campus Avançado de Caicó (CAC) da UERN é um dos mais importantes espaços de formação superior do interior do estado, reunindo centenas de estudantes nos cursos de Odontologia, Filosofia e Enfermagem, além de um corpo profissional com pouco mais de 50 docentes efetivos e mais de 30 servidores técnicos.

O que muitas pessoas não sabem é que o CAC fica alocado hoje na sede de um Centro de Atenção Integral à Criança (CAIC) com estrutura muito precária para atender às demandas universitárias, e que permanece sendo divido entre os estudantes de ensino superior, crianças de uma creche municipal e adolescentes de um colégio estadual, que assistem a suas aulas em outra metade do prédio.

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As reclamações de alunos, técnicos e professores com as condições do CAIC são inúmeras: tetos caindo, centrais de ar que deixam de funcionar por falta de manutenção, insegurança, deficiência estrutural nas salas, inexistência de acessibilidade em todo o campus e mais uma série de problemas que assolam a dinâmica de trabalho e ensino na instituição. Também são reclamações constantes a inexistência de um estacionamento adequado e o déficit no número de salas para aulas e atividades.

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“Hoje não temos a mínima condição de ampliar nosso Campus, temos seis salas que abrigam três cursos. Nosso único auditório está sendo usado como sala de aula de maneira improvisada e nossos laboratórios apresentam uma série de deficiências estruturais que atrapalham o desenvolvimento do ensino e pesquisa” afirmou o diretor do CAC, Prof. Álvaro Marcos Pereira.

Outro problema apresentado por docentes e estudantes do CAC se dá em relação às clínicas de odontologias, espaço onde os discentes do curso têm em média 38% de suas aulas durante a graduação. De acordo com o professor Eduardo Seabra apesar de haver uma estrutura de trabalho razoável, o aporte de insumos e a manutenção dos equipamentos é insuficiente.

“As clínicas são nossa principal sala de aula. Este setor estruturalmente preenche as necessidades do curso, mas o que sempre deixa a desejar é o nosso aporte de insumos, ou seja, material de consumo para uso nas clínicas, renovação e manutenção dos equipamentos”, afirmou.

Funcionários e estudantes de odontologia também denunciam que a falta de manutenção no prédio que abriga as clínicas prejudica o trabalho realizado. Segundo técnicos que atuam no local, não é incomum ver centrais de ar quebradas e focos de cupins se alastrando dentro de salas que deveriam ser totalmente esterilizadas.

“Uma dificuldade que temos se dá em relação à infraestrutura. Muitas vezes não temos condição de esterilizar os locais de forma adequada, nem armazenar os materiais corretamente. Também temos dificuldades no que tange à biblioteca, não temos acervo suficiente para suprir nossa necessidade”, destacou a estudante de odontologia Simone Barreto

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 Nova casa do CAC já apresenta sérios problemas

 As dificuldades que alunos, técnicos e professores de Caicó enfrentam com a estrutura de seu Campus foram motivo de manifestações de toda a comunidade acadêmica da cidade, que iniciou uma árdua batalha por um novo CAC. Em 10 de setembro de 2014 a Universidade conseguiu, através de doação da Prefeitura Municipal, o espaço onde funcionou a Escola Estadual Joaquim Apolinar – EEJA.  O local vai receber, a partir de Janeiro de 2016, a estrutura do CAC, hoje alocada no Caic.

Apesar da melhoria no que tange à estrutura física, o novo espaço apresenta uma série de problemas ainda não resolvidos, que podem comprometer diretamente o ensino e trabalho dessa comunidade acadêmica.

De acordo com os professores do CAC entrevistados, somente parte da escola foi adaptada para receber a estrutura do campus. Outra parte, porém, permanece como foi doada, sem nenhuma reforma, o que cria, inclusive, uma situação inusitada: metade do novo campus possui as cores branca e azul, já a outra metade resguarda o verde nas paredes, herança do tempo em que era escola estadual, acumulando, ainda, rachaduras, infiltrações e problemas de iluminação.

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O professor Galileu de Souza, lotado no departamento de Filosofia, comenta que para que a reforma completa fosse realizada seriam necessários cerca de 500 mil reais, que não foram conseguidos. De acordo com ele, apenas 40% da estrutura da escola chegou a ser reformada. “Esse terreno é patrimônio da UERN, o que inclusive nos dá segurança de investir nele, pois se tornará algo de propriedade da universidade. Aqui existe muita coisa para ser feita e é necessário um compromisso muito grande do Governo do Estado, do poder legislativo e judiciário, e da administração da universidade para concluir essa obra, nos dando condição de funcionar adequadamente”, explicou o docente.

O Prof. Galileu ainda aponta que seria necessária a revitalização do Centro de Convivência (CC) do novo campus e a construção de um auditório, inexistente até o momento, permitindo que os estudantes possam realizar suas refeições  nas dependências da universidade, assim como a apresentação de grupos culturais e artísticos de Caicó e a realização das cerimônias e eventos universitários. “No CAIC os alunos não têm essa área de convivência e o auditório não é adequado, e estes espaços contemplariam essa demanda”, acrescenta ele.

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O docente afirmou que a esperança para a complementação dos recursos suficientes para uma reforma mais integral repousa em diversas emendas parlamentares, já prometidas por deputados estaduais, como Mineiro e Álvaro Dias. Entretanto, ele levanta dúvida sobre se os poderes executivos e mesmo o judiciário estaduais estariam realmente interessados pelos problemas que a UERN vem enfrentando em nosso estado e na região do Seridó em especial. “A postura dos poderes estaduais, especificamente do executivo e judiciário, no tocante à greve desse ano é bem um retrato disso. A educação está cada vez mais sucateada, nessa correnteza a UERN foi igualmente tragada, e não parece que muitos daqueles que poderiam mudar esse quadro estejam realmente interessados”, diz ele. “Dos mais de 4 milhões orçados para investimentos nessa universidade para o ano de 2015, apenas irrisórios 750 mil foram dispensados de fato. Isso para mim diz muito sobre as prioridades atuais“, conclui o professor. 

Veja mais fotos do Campus Avançado de Caicó aqui: http://aduern.org.br/index.php/bwg_gallery/campus-avancado-de-caico/

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