Vá em paz Babau! O eterno Rei da nossa Confraria do Cajueiro.

por Cláudio Palheta Jr

A manhã deste sábado (27) começou muito mais triste na ADUERN. De forma inesperada e precoce, uma das figuras mais emblemáticas e presentes do sindicato nos deixou. 

Gilson Correia Bezerra, popularmente conhecido como “Babau” faleceu aos 74 anos em Natal, após complicações em uma cirurgia de vesícula, deixando saudades e um vazio enorme a todos e todas que o conheceram.

Gilson foi docente da UERN (então FURRN) em outro tempo, quando a realidade do ensino superior era marcada por dificuldades e incertezas. Formado em geografia, foi professor da educação básica e posteriormente da universidade, chegando ao cargo de titular.

Aposentado desde 2004, Babau cultivou um costume inexorável: todos os dias, de domingo a domingo, era o primeiro a chegar à ADUERN, acompanhando os funcionários que abriam o sindicato. Por anos, ele buzinava nos portões antes das 6h da manhã!

Carismático e divertido, Babau fugia de todas as polêmicas e controvérsias que a luta sindical tem. Com bom humor e tiradas engraçadas, ironizava os infindáveis debates travados nas manhãs da ADUERN (inclusive quando eram feitos nas assembleias da categoria). Para ele, sempre era possível transformar um problema, independente de seu tamanho, em piada.

Tudo e todos recebiam um apelido de Gilson!  Ele se orgulhava de ter uma nomenclatura própria para cada figura do sindicato: para Babau fulano era “o abusado”, outra virava “a simpatia”, havia também “o defunto”, “Joaquim Barbosa”, a “mulher de preto”, “a moeda”… O jornalista de 20 e poucos anos virava “O menino”, a Secretária, com mais de três décadas de sindicato era a “Dona do mundo”. Todos tinham um apelido, gostando ou não!

Foi nas manhãs do sindicato que Babau formou uma improvável dupla com o lendário Paulo Caetano Davi! Eles nunca foram grandes amigos quando contemporâneos na UERN, mas a ADUERN uniu e fortaleceu esse laço. Paulo, o primeiro presidente da história do sindicato, sempre polido e politicamente correto, virou parceiro e confidente do, muitas vezes desbocado, Babau.

Na ADUERN, Babau se transformou em Rei da Confraria do Cajueiro, nome dado ao grupo de amigos (em sua maioria docentes aposentados)  que todos os dias batem ponto no sindicato, trocando ideias e tomando café à sombra do enorme cajueiro fincado nos jardins da entidade. Em 2010 a liderança de Gilson foi reconhecida e a árvore ganhou uma placa, batizando a confraria e homenageando seu nome.

Gilson foi um homem de grande humanidade! Pouco preocupado com as questões transcendentais ou filosóficas, ele tinha mais apego por cuidar verdadeiramente das pessoas! Uma ligação… Um conselho… Uma conversa… Um puxão de orelha quando necessário. Isso fazia muito mais o seu estilo, do que um imenso e verborrágico debate.

Ele foi um bom pai, marido atencioso. Fez amigos, gargalhou e fez todos ao seu redor sorrirem muitas vezes! Sua personalidade simpática lhe rendeu incontáveis amigos e um enorme carinho nos quatro cantos de Mossoró.

A lacuna deixada pelo seu falecimento não poderá ser preenchida, e na ADUERN sua lembrança permanecerá viva, até porque pouquíssimas pessoas tiveram uma relação de tanta fidelidade e parceria com o sindicato, suas diferentes diretorias e seus funcionários.

Ao nosso querido Babau, desejamos paz e descanso. Aos seus familiares, nosso sincero pesar. Partilhamos da mesma dor.

E para finalizar esta singela homenagem, reproduzimos na íntegra o poema escrito pelo professor José Mário Dias, em recordação ao amigo Babau. Segue:

Adeus grande Babau/
Nosso rei da confraria/
Gilson era alegria/
Um homem fenomenal.
Um professor genial/
Excelente companheiro/
Tá chorando o cajueiro/
Triste a Universidade/
Tá de luto toda cidade/
Para o céu dia festeiro.
……………. X ……….
Na ADUERN ele plantou/
Semente da lealdade/
A pureza da amizade/
O ódio ele expulsou.
Veio DEUS e lhe chamou/
Para sua moradia/
Vinte e Sete foi o dia/
Resistir não foi capaz/
Lembraremos sua paz/
De manhã na confraria

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